Nos últimos anos, em um cenário pós pandemia, é clara uma evolução significativa na maneira como marcas internacionais tem se conectado com o público. O storytelling – ou a arte de contar histórias de forma consistente e concisa – tornou-se uma das ferramentas mais poderosas e eficientes para criar vínculos emocionais com os seus clientes.
Em um mercado cada vez mais saturado, onde cada anúncio, além de sofrer uma escalada nos níveis de preço, luta por atenção e awareness, as histórias autênticas conseguem se destacar, porque envolvem, emocionam e, acima de tudo, criam conexões duradouras e emocionais. Esse texto traz 5 marcas que acertaram em cheio no uso do storytelling emocional para conquistar o coração do público, além das lições que você pode aplicar em suas próprias estratégias de retenção.
1. Nike: Histórias de Superação e Inclusão
A Nike sempre foi conhecida por campanhas inspiradoras, mas recentemente, a marca aprofundou o seu storytelling, incluindo narrativas de superação e inclusão. Campanhas como “Dream Crazy” com Colin Kaepernick e “You Can’t Stop Us” abordam temas como igualdade, diversidade e o poder de lutar pelos próprios sonhos. Em vez de focar apenas em produtos, a Nike compartilha histórias de pessoas que desafiaram probabilidades, quebraram barreiras e inspiraram outros.
Dessa forma, a partir do momento que a Nike associa essas histórias de superação ou inclusão aos produtos da marca, o cliente, naturalmente, se sente mais confortável ao tomar uma decisão de compra.
Lição: Esse comportamento nos ensina a importância de vincular a marca a valores profundos, alinhados ao perfil e às crenças dos consumidores. Mais do que vender um tênis ou acessórios, eles estão vendendo um estilo de vida, um sonho, uma identidade. Conectar-se emocionalmente significa mostrar que sua marca está ao lado do consumidor, compartilhando suas causas e celebrações.
2. Dove: A Beleza Real
A campanha “Real Beauty” da Dove marcou o início de um novo diálogo sobre a beleza feminina, onde as mulheres são representadas em sua diversidade real. Em vez de modelos perfeitas e inalcançáveis, a marca optou por mostrar mulheres de todas as idades, tamanhos e etnias, promovendo uma visão inclusiva da beleza. Esse movimento foi uma resposta ao cansaço das consumidoras com padrões de beleza inatingíveis e, ao abordar esse problema, Dove se tornou uma defensora da autoestima.
Ao fazer isso, a Dove consegue atingir, estatisticamente, fatias maiores do público feminino. A consequência disso é a sensação de uma maior representatividade que, também, naturalmente ajudam na tomada de decisão das consumidoras.
Lição: Dove mostrou como escutar e responder às dores e inseguranças do público pode gerar uma conexão profunda. Marcas que abordam temas delicados com empatia e autenticidade não só ganham a confiança do consumidor, mas se tornam aliadas de suas jornadas pessoais.
3. Coca-Cola: O Poder do Amor e da Amizade
A Coca-Cola é uma marca que sempre soube explorar emoções positivas como felicidade, amor e amizade. Campanhas icônicas como “Share a Coke” incentivaram as pessoas a comprarem garrafas com o nome de amigos e familiares, fortalecendo a ideia de que a Coca-Cola é mais do que uma bebida – é uma ferramenta para criar momentos de alegria. A marca também aposta em propagandas que mostram momentos simples, porém intensos, como uma reunião de amigos ou uma comemoração em família, exaltando o valor das conexões pessoais.
A importância de se criar esses laços vai mais além quando a marca, ao longo dos anos, associa seu branding em feriados internacionais, como o Natal, por exemplo. A propaganda da Coca no Natal sempre se posicionando como a bebida da família é uma percepção que se encontra enraizada na perspectiva do público.
Lição: A Coca-Cola nos mostra o poder de um marketing focado em emoções positivas e universais. Associar a marca a experiências e sentimentos que fazem parte da vida cotidiana pode criar um vínculo emocional profundo e duradouro.
4. Airbnb: A Experiência e a História Local
A Airbnb construiu sua marca em torno de um conceito poderoso: explorar o mundo por uma perspectiva autêntica, como um “local”. As campanhas do Airbnb não vendem apenas um lugar para dormir; elas vendem a ideia de uma experiência única. Uma campanha memorável foi “Don’t Go There. Live There”, incentivando os viajantes a se conectarem com as culturas locais de forma mais intensa. Além disso, o Airbnb apoia storytelling de anfitriões e viajantes, que compartilham suas histórias e experiências únicas, criando uma sensação de comunidade.
A partir desse posicionamento, todo material de promoção da marca tem focado em se diferenciar da proposta de hoteis tradicionais. A narrativa focada em criar experiências menos ‘industrializadas’, mas mais orgânicas e focadas no local de visita tem se mostrado muito interessante e condizente com seu modelo de negócio.
Lição: A Airbnb ensina que uma marca deve ser mais do que um produto ou serviço; deve oferecer uma experiência. Criar uma narrativa onde o consumidor é protagonista, incentivando-o a contar suas próprias histórias, fortalece o relacionamento com a marca e torna o cliente embaixador natural.
5. Apple: Inspirando Criadores e Sonhadores
A Apple é um dos maiores exemplos de storytelling bem-sucedido e emocionalmente envolvente. Campanhas como “Think Different” e “Shot on iPhone” não falam apenas das especificações técnicas dos produtos, mas do que as pessoas podem criar e conquistar com eles. Ao invés de vender aparelhos eletrônicos, a Apple inspira seus clientes a verem seus produtos como ferramentas para transformar ideias em realidade.
O apelo emocional está na liberdade de criação, na inovação e no status de ser “diferente” do convencional. No Brasil, em particular, a marca vai além do status de ser diferente e alcança um patamar de status social.
Lição: A Apple nos ensina que contar histórias que elevam o potencial humano é uma estratégia poderosa. Posicionar a marca como uma facilitadora de sonhos e inovação é uma forma de criar uma conexão que transcende o produto em si. Ao inspirar os consumidores, uma marca pode se tornar uma parte essencial de suas vidas.
Como Aplicar o Storytelling Emocional na sua Marca
Esses exemplos mostram que o storytelling emocional é mais do que contar uma história; trata-se de entender o que seu público valoriza e refletir essas emoções e aspirações na comunicação. Aqui estão algumas dicas práticas para aplicar:
- Conheça Profundamente o Seu Público: Entenda seus desejos, necessidades e crenças para criar narrativas que realmente ressoem.
- Seja Autêntico: Conectar-se emocionalmente exige uma abordagem verdadeira. O público identifica facilmente histórias forçadas ou inconsistentes com a realidade da marca.
- Escolha um Valor Central: Assim como a Nike escolhe a superação e a Dove escolhe a autoestima, escolha um valor que esteja alinhado com a identidade da sua marca e crie campanhas em torno dele.
- Use Histórias de Clientes e Colaboradores: Histórias autênticas de pessoas reais criam um vínculo mais forte do que ficções. Isso gera identificação e humaniza a marca.
- Aposte na Simplicidade e Universalidade: As emoções mais profundas são simples e universais. Concentre-se em experiências e sentimentos que todos possam entender e vivenciar.
O storytelling emocional é uma das maneiras mais eficazes de engajar e fidelizar consumidores. As marcas que usam esse recurso com sucesso não apenas conquistam clientes, mas os transformam em fãs e defensores, criando uma comunidade ao redor de seus produtos. Ao investir em narrativas autênticas, você pode fortalecer sua marca e fazer com que seus consumidores se identifiquem de maneira genuína e duradoura.
